Tratamento de hipertensão reduz risco de demência, aponta estudo internacional
Uma nova pesquisa internacional, que contou com a participação de cientistas brasileiros da Universidade de São Paulo (USP), revelou que o tratamento medicamentoso da hipertensão pode diminuir significativamente o risco de demência em idosos. O estudo, conduzido pelo consórcio Cosmic (Cohort Studies of Memory in an International Consortium), analisou dados de 34.519 pessoas em 15 países e constatou que pacientes com hipertensão não tratada têm um risco 42% maior de desenvolver demência em comparação com aqueles que fazem uso de medicação.
O Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP participou da pesquisa com o São Paulo Ageing & Health Study (SPAH), que avaliou idosos acima de 65 anos. No estudo, 26,3% dos participantes com hipertensão não recebiam tratamento. “A hipertensão arterial é um dos principais fatores de risco modificáveis para doenças cardiovasculares e demência”, explica Marcia Scazufca, pesquisadora do IPq e integrante do estudo. Segundo ela, a multimorbidade, ou seja, a coexistência de várias doenças crônicas, dificulta o tratamento e compromete a qualidade de vida dos pacientes.
A análise, publicada na revista científica Neurology, destacou que a prevenção é a chave para retardar ou evitar a demência, uma condição crônica sem cura. Entre os participantes, a prevalência de hipertensão foi alta, com aproximadamente 60% dos idosos afetados. A pesquisa identificou que o tratamento com medicamentos pode ser um fator de proteção importante, principalmente para populações mais vulneráveis.
O estudo reforça a importância de programas como o Hiperdia, do Sistema Único de Saúde (SUS), que acompanham pacientes com hipertensão e diabetes. “Educar a população sobre os benefícios do tratamento é essencial para reduzir os riscos de demência e outras doenças crônicas”, afirma Scazufca. Ela defende que o fortalecimento das políticas de saúde e da educação em saúde pode melhorar a adesão ao tratamento e a qualidade de vida dos pacientes.
O SPAH contou com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e do Wellcome Trust, do Reino Unido, e incluiu pesquisadores como Paulo Rossi Menezes e Homero Pinto Valada, além de Scazufca. Com informações do Jornal da USP.