Prima Facie: Peça com Débora Falabella reflete sobre o sistema de justiça e a condição feminina

Prima Facie: Peça com Débora Falabella reflete sobre o sistema de justiça e a condição feminina
Desde sua estreia em Londres, em 2022, a peça acumula uma trajetória meteórica, passando pela Broadway e pelo West End, e inspirando debates em esferas acadêmicas e legais/Divulgação
Publicado em 01/12/2024 às 13:10

Prima facie, uma expressão em latim que significa “à primeira vista”, é amplamente utilizada no campo jurídico e filosófico para designar algo que aparenta ser verdadeiro até prova em contrário. Esse conceito dá título à peça escrita pela dramaturga australiana Suzie Miller, que tem conquistado palcos ao redor do mundo, incluindo o Brasil. Por aqui, é Débora Falabella quem faz o papel principal. O espetáculo é uma provocação sobre as limitações e desigualdades do sistema legal, especialmente no tratamento de casos de violência sexual.

Desde sua estreia em Londres, em 2022, a peça acumula uma trajetória meteórica, passando pela Broadway e pelo West End, e inspirando debates em esferas acadêmicas e legais. No Brasil, a montagem protagonizada por Falabella trouxe ao palco a complexa jornada de Tessa, uma advogada de defesa criminal bem-sucedida, que precisa enfrentar uma dura crise de valores ao se tornar vítima de um ato de violência sexual.

Um enredo que denuncia as falhas do sistema

No primeiro ato da peça, Tessa é apresentada como uma profissional confiante, apaixonada pelo trabalho e profundamente comprometida com a defesa de seus clientes, independentemente de sua culpa ou inocência. No entanto, ao sofrer pessoalmente um ato de violência, ela precisa revisitar suas crenças e enfrentar as limitações de um sistema jurídico que ela sempre acreditou ser justo.

No segundo ato, Tessa se vê como vítima dentro do próprio sistema que defendeu, agora obrigada a provar sua verdade em um contexto onde as estruturas jurídicas e sociais favorecem os agressores. Essa virada expõe a desigualdade de gênero e o tratamento desigual das mulheres dentro da justiça. Um dos pontos altos da peça é como ela revela a forte presença masculina em uma estrutura que, em teoria, deveria tratar todos de forma igualitária.

Impacto além dos palcos

Transformada em romance e adaptada para o cinema, a peça já é considerada material essencial para estudantes de direito na Inglaterra e inspirou debates internacionais, incluindo uma apresentação na Assembleia da ONU sobre violência contra mulheres. No Brasil, a montagem tem atraído não apenas o público de teatro, mas também importantes figuras do meio jurídico. No Rio de Janeiro, Débora foi acompanhada pela procuradora Raquel Dodge. Em Brasília, participou de um debate com a ministra do STF, Cármen Lúcia, e o ex-ministro Carlos Ayres Britto, depois da apresentação.

Serviço

Prima Facie
Texto: Suzie Miller
Com: Débora Falabella
Direção: Yara de Novaes
Hoje e amanhã, às 20h (ingressos esgotados pela internet, mas a bilheteria abre para compra de possíveis ingressos remanescentes antes do espetáculo – é contar com a sorte.)
Local: Teatro Vivo (Av. Dr. Chucri Zaidan, 2460 – Vila Cordeiro, São Paulo)
Ingressos: R$ 75 a R$ 150, no Sympla.

O espetáculo volta em fevereiro na capital paulista depois das apresentações deste fim de semana.

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