Luis Baptista Luz: “Inteligência artificial é o ‘fast-food’ do pensamento; cabe ao advogado elevar isso a outro nível”
Luciano Teixeira – São Paulo
Nos principais escritórios de advocacia do país, a inteligência artificial (IA) vem assumindo um papel estratégico na transformação dos processos jurídicos e na forma como os profissionais se relacionam com a tecnologia. No Baptista Luz Advogados, por exemplo, a IA deixou de ser apenas uma ferramenta auxiliar para se tornar um elemento essencial nas operações diárias. Sob a liderança do CEO Luis Felipe Baptista Luz, o escritório adota um modelo de gestão que explora as tecnologias mais avançadas e incentiva a criatividade dos advogados, indo além da aplicação técnica e buscando soluções personalizadas e de alto valor agregado.
Luis Felipe, que possui expertise em direito empresarial e tecnologia, enfatiza a importância de desenvolver um ambiente que equilibre eficiência e inovação. Para ele, a IA é capaz de simplificar processos e otimizar respostas, mas cabe ao advogado o papel de adicionar camadas de análise crítica e profundidade, levando o atendimento ao cliente a um nível mais elevado. Na entrevista, o CEO ilustra como a IA funciona como um “fast-food” do pensamento, oferecendo respostas ágeis, mas que podem ser enriquecidas e personalizadas pelo toque humano.
Nesta conversa, Luis Felipe compartilha os pilares da gestão estratégica no Baptista Luz Advogados, destacando a criação de novos produtos jurídicos, a busca por eficiência e a expansão para novos mercados. Além disso, ele revela como o escritório fomenta um ambiente que recompensa a criatividade e estimula seus colaboradores a irem além do básico oferecido pela IA. Para o CEO, os advogados do futuro devem adotar a tecnologia, mas com a habilidade de adicionar “alma” ao trabalho final, transformando a IA em um ponto de partida para a verdadeira inovação jurídica.
Luciano Teixeira: Como a tecnologia está impactando o trabalho no seu escritório e transformando as relações?
Luis Felipe Baptista Luz: A tecnologia está realmente criando uma nova forma de trabalho na advocacia. Não estamos mais falando de advogados analógicos, que se limitam ao pacote Office como maior recurso tecnológico. Hoje, precisamos usar ferramentas de ponta constantemente. Não dá para ficar no básico; é preciso explorar as tecnologias mais avançadas, incluindo as mais recentes inovações de inteligência artificial.
Luciano Teixeira: E como a inteligência artificial especificamente está influenciando as relações e o trabalho dos advogados?
Luis Felipe Baptista Luz: A inteligência artificial nivela o campo, de certa forma. Ela fornece respostas rápidas e eficientes, mas não são respostas brilhantes. É aí que entra o diferencial do advogado, que deve pegar esse “primeiro rascunho” que a IA oferece e aprimorar. A inteligência artificial acaba sendo como um fast-food: algo que atende rapidamente, mas falta aquela elaboração criativa que faz a diferença.
Luciano Teixeira: Então, seria possível escolher entre ficar no “nível da IA” ou usar esse recurso como base para elevar a criatividade. Você acredita que isso está tornando os profissionais mais medianos, ou é uma oportunidade de se diferenciar?
Luis Felipe Baptista Luz: Tudo depende do ambiente de trabalho. Se a prioridade for apenas produtividade e rapidez, a tendência é nivelar os profissionais por baixo, oferecendo algo “mediano”. Mas se o escritório cria um ambiente que valoriza a criatividade, onde as pessoas têm tempo para desenvolver ideias, a IA se torna uma ferramenta auxiliar e não o produto final.
Luciano Teixeira: Sendo CEO do Baptista Luz Advogados, quais seriam os principais pilares de uma gestão estratégica fundamentada na tecnologia?
Luis Felipe Baptista Luz: Eu diria que temos três pilares principais: criação de novos produtos com base nas oportunidades que a tecnologia oferece, aumento de eficiência nos processos e a possibilidade de acessar novos mercados. A tecnologia nos permite explorar áreas que antes não conseguíamos alcançar.
Luciano Teixeira: Como você estimula a criatividade dos seus colaboradores nesse ambiente onde a tecnologia e a IA estão tão presentes?
Luis Felipe Baptista Luz: Acredito que recompensar a criatividade é fundamental. Não basta valorizar quem entrega rápido, mas sim quem traz algo único e autêntico. Por exemplo, se um trabalho foi feito com base em IA, podemos mostrar como ele foi aprimorado em um segundo momento. A ideia é incentivar o uso da tecnologia, mas estimular que eles adicionem seu toque pessoal, sua interpretação única, como se estivessem criando uma obra artística.
Luciano Teixeira: Seria então trazer uma “alma” para a inteligência artificial, usando a criatividade para ir além do básico?
Luis Felipe Baptista Luz: Exatamente. Gosto de dizer que a inteligência artificial é como o arroz: nós somos os sushimen. A IA é a base, mas nós somos os responsáveis por transformar isso em algo único e memorável, como o melhor sushi.
Luciano Teixeira: Que conselho você daria para jovens advogados ou até para aqueles mais experientes que ainda relutam em adotar a inteligência artificial e outras tecnologias?
Luis Felipe Baptista Luz: Curiosamente, muitas vezes as gerações mais novas também resistem à tecnologia na advocacia. Meu conselho é: abracem a tecnologia. O mesmo interesse que têm nas redes sociais e no celular deve ser levado para a prática profissional. Explore o potencial das ferramentas jurídicas e compreenda o impacto positivo que elas podem ter na sua atuação.