Dezoito estados norte-americanos processam Trump por cidadania a quem nasce nos EUA
Da redação de LexLegal
Em uma batalha legal de alto risco, 18 estados entraram com uma ação judicial contra a ordem executiva do presidente Donald Trump que visa acabar com a cidadania por nascimento para crianças nascidas de imigrantes ilegais em solo norte-americano. A ação, apresentada em um tribunal federal, representa o primeiro movimento em uma disputa constitucional que promete ser longa e contenciosa.
A ordem executiva contestada busca reinterpretar a 14ª Emenda, que tem sido amplamente compreendida como garantia de cidadania para qualquer pessoa nascida nos Estados Unidos, independentemente do status migratório de seus pais. A Cláusula de Cidadania da emenda declara: “Todas as pessoas nascidas ou naturalizadas nos Estados Unidos e sujeitas à sua jurisdição são cidadãos dos Estados Unidos e do Estado onde residem.”
O argumento dos estados
Liderada pela Califórnia, a coalizão de estados argumenta que a ordem executiva ultrapassa a autoridade presidencial e viola a Constituição. “O presidente não pode, unilateralmente, alterar a Constituição ou décadas de leis consolidadas,” disse o procurador-geral da Califórnia, Rob Bonta. “Esta ordem é um ataque direto aos direitos e liberdades consagrados na 14ª Emenda.”
A ação judicial destaca os potenciais danos a milhões de indivíduos que poderiam perder a cidadania ou ser negados como cidadãos ao nascer. Os estados argumentam que a ordem criaria uma classe de crianças apátridas e prejudicaria famílias, comunidades e economias.
A posição do governo Trump
A administração Trump argumenta que a Cláusula de Cidadania da 14ª Emenda tem sido mal interpretada por mais de um século. Segundo o governo, a expressão “sujeita à sua jurisdição” exclui crianças nascidas de imigrantes não autorizados, já que seus pais não estão totalmente sujeitos às leis dos EUA.
“A interpretação atual da cidadania por nascimento é um imã para a imigração ilegal e compromete a soberania da nossa nação,” disse um porta-voz da Casa Branca. “Esta ordem executiva restaura a intenção original da Constituição.”
Implicações legais e políticas
Especialistas constitucionais estão profundamente divididos sobre o tema. Alguns argumentam que a ordem executiva é um claro abuso de poder, apontando para as decisões consistentes da Suprema Corte que afirmam a cidadania por nascimento. Outros acreditam que o caso apresenta uma oportunidade para revisar e esclarecer o alcance da 14ª Emenda.
Politicamente, a medida provocou um intenso debate, com defensores da imigração e grupos de direitos civis condenando a ordem como xenofóbica e inconstitucional. Por outro lado, apoiadores da postura do governo veem a medida como um passo ousado para conter a imigração ilegal e proteger a soberania americana.
Espera-se que a ação judicial avance rapidamente pelos tribunais, com ambas as partes se preparando para um possível embate na Suprema Corte. As apostas são altas, pois o resultado pode redefinir os direitos de milhões de pessoas nascidas nos Estados Unidos e estabelecer um precedente sobre o alcance do poder presidencial.
Por enquanto, o futuro da cidadania por nascimento permanece em suspenso, enquanto a batalha legal se desenrola nos tribunais e na consciência coletiva da nação.