A Síndrome de Boreaut
Juliana Albano*
Você já se sentiu subutilizado no trabalho? Ou já ouviu alguém dizer que as suas competências e habilidades não são usadas no trabalho e que está cansado, desanimado, entediado com o exercício de atividades pouco instigantes, nada desafiadoras ou muito aquém da sua capacidade de entrega?
A Síndrome de Boreout, está diretamente relacionada à sensação de desvalorização no ambiente de trabalho e nada mais propício que trazermos à luz, no mês de conscientização das doenças psicológicas, este tema menos conhecido que o Burnout e tão preocupante ou prejudicial quanto e merece um debruçar sobre este assunto. Este conceito surgiu em 2007, quando os autores Philippe Rothlin e Peter Werner lançaram o livro “Boreout! Overcoming workplace demotivation”, ainda sem tradução em português.
De acordo com os autores, cerca de 15% dos trabalhadores estão a caminho do tédio.
Assim como o Burnout, se tornou parte da Classificação Internacional de Doenças (CID) da (OMS), o Boreout pode seguir o mesmo caminho, se não houver uma intervenção imediata e efetiva da liderança e da área de gestão de pessoas da sua organização.
Há diferença entre Burnout e Boreout, embora ambas possam igualmente afetar profundamente a saúde e o bem-estar dos trabalhadores. Como vimos, a Síndrome de Boreout surge quando os funcionários enfrentam uma falta crônica de desafios, responsabilidades inadequadas e monotonia em suas tarefas, enquanto Burnout é caracterizada pelo excesso de demandas, estresse crônico e sobrecarga de trabalho. Assim, os sintomas principais incluem exaustão física, emocional e mental, acompanhada por sentimentos de cinismo, ineficácia no trabalho e redução da produtividade.
No geral, a Síndrome de Boreout ocorre pela falta de estímulos aos profissionais, como:
Tédio na realização de tarefas repetidas; desbalanceamento entre habilidades e tarefas; falta de autonomia poucas atividades ou a total falta delas; comunicação ineficaz; constância em situações conflituosas; limitação na propositura de novas ideias e ou participação em novos projetos; baixo desenvolvimento profissional, para citar algumas.
Os principais sintomas da Síndrome de Boreout são muito parecidos com outros diagnósticos de doenças mentais ou psicológicas como:
- Tédio: uma sensação persistente de tédio e falta de interesse em relação às atividades do trabalho.
- Desmotivação: falta geral de motivação ou entusiasmo em relação às responsabilidades profissionais.
- Queda perceptível na produtividade e no desempenho no trabalho: Os funcionários podem ter dificuldade em se concentrar nas tarefas, concluí-las dentro do prazo ou manter um padrão de qualidade em seu trabalho.
- Baixa autoestima: redução da autoestima e da autoconfiança relacionada ao trabalho, fazendo com que os colaboradores possam duvidar de suas habilidades e competências profissionais.
- Irritabilidade: Irritação ou frustração podem surgir devido ao tédio e à desmotivação constante no trabalho.
- Problemas físicos: O estresse crônico associado ao tédio e à desmotivação no trabalho também pode se manifestar em sintomas físicos, como dores de cabeça, dores musculares, fadiga e distúrbios do sono.
Esta síndrome pode afetar a vida pessoal do colaborador, e desenvolver vícios em drogas ou bebidas, depressão, ansiedade e outros transtornos, baixa autoestima, para citar alguns.
É dever da liderança identificar os seus talentos e aloca-los de forma que sejam aproveitados, com tarefas que produzam resultados coerentes com a estratégia do modelo de negócio e mantenha uma cultura de feedback que propicie a segurança psicológica. Incentive as pessoas a ter um hobby, pois são muito importantes na vida profissional.
Estimule-os a praticar exercícios físicos, fazer exames periódicos e cuidar da saúde mental sempre. Estabeleça metas realistas a todos os colaboradores e seja claro no alinhamento de expectativas e importância do trabalho de cada um e sua representatividade.
Cuidar da saúde mental dos nossos colaboradores é um dever do qual todos nós, não podemos nos desincumbir, jamais!
*Juliana Albano é Head da PMR Advocacia, Co Fundadora do coletivo SER a CEO, Mentora da Aliá Mentoring.