Impasse com militares atrasa pacote de corte de gastos de Haddad
As negociações para a reestruturação da carreira militar têm sido um dos maiores entraves na conclusão do aguardado pacote de corte de gastos liderado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. As medidas, que visam reduzir despesas públicas e garantir o cumprimento das metas fiscais de 2024, ainda dependem de consenso com o alto escalão das Forças Armadas, especialmente em pontos como aposentadoria e benefícios salariais.
O governo planeja incluir no pacote mudanças que envolvem a revisão das regras de aposentadoria e ajustes em benefícios como pensões e adicionais pagos aos militares. Essas alterações são vistas como essenciais para equilibrar as contas públicas. “Estamos dialogando com todos os setores envolvidos, mas sabemos que ajustes fiscais exigem decisões difíceis”, afirmou Haddad em coletiva. Segundo fontes próximas às negociações, os militares resistem às propostas por considerá-las desvantajosas para a categoria.
Além do impacto interno, o atraso no anúncio do pacote tem gerado incertezas no mercado financeiro, que aguardava medidas concretas para reforçar o compromisso do governo com o equilíbrio fiscal. Analistas temem que a demora enfraqueça a credibilidade da equipe econômica.
O pacote também inclui propostas voltadas para outras áreas, como mudanças no abono salarial e no seguro-desemprego, mas a reestruturação militar é vista como a mais complexa politicamente. Com a proximidade do fim do ano, o governo enfrenta um calendário apertado para obter a aprovação das medidas no Congresso Nacional. Líderes do governo na Câmara e no Senado já estão sendo mobilizados para facilitar a tramitação das propostas.
A expectativa é que o pacote seja anunciado até o início de dezembro, mas o governo corre contra o tempo para ajustar os pontos de maior resistência. “Sabemos que o tempo é curto, mas estamos comprometidos em apresentar um plano equilibrado que contemple a realidade fiscal do país”, concluiu Haddad. O resultado dessas negociações será um teste importante para a capacidade de articulação política da equipe econômica e para a gestão do governo Lula em seu terceiro mandato.