Estudantes da PUC são demitidos de escritórios de advocacia após ofensas contra cotistas da USP

Estudantes da PUC são demitidos de escritórios de advocacia após ofensas contra cotistas da USP
Nas imagens, os estudantes aparecem junto a outros alunos da PUC-SP, dirigindo insultos como "pobre" e "ainda por cima é cotista" aos estudantes da USP/Reprodução
Publicado em 18/11/2024 às 20:01

Os escritórios de advocacia Pinheiro Neto; Tortoro, Madureira & Ragazzi e Machado Meyer anunciaram nesta segunda-feira (18) a demissão de estagiários acusados por estudantes de proferirem ofensas racistas e classistas contra alunos cotistas da Universidade de São Paulo (USP). Os ataques teriam ocorrido durante jogos universitários realizados no sábado (16).

Os estagiários demitidos são Tatiane Joseph Khoury (Pinheiro Neto) e Matheus Antiquera Leitzke (Madureira & Ragazzi), estudantes de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

Ambos foram identificados, junto a outros três colegas, por uma “força-tarefa” de estudantes, com base em vídeos e fotos capturados durante uma partida de handebol masculino em Americana, no interior de São Paulo.

O incidente ocorreu durante os Jogos Jurídicos Estaduais, realizados no último sábado (16). Nas imagens, os estudantes aparecem junto a outros alunos da PUC-SP, dirigindo insultos como “pobre” e “ainda por cima é cotista” aos estudantes da USP.

O escritório Pinheiro Neto Advogados, onde Tatiane atuava como estagiária, emitiu nota lamentando o ocorrido e informando que a estudante não faz mais parte do quadro de colaboradores. “Informamos que a estagiária envolvida nesse episódio não integra mais o escritório”.

O Machado Meyer Advogados também divulgou nota. “O Machado Meyer Advogados comunica que, alinhado com os seus valores institucionais e o seu compromisso inegociável com a promoção de um ambiente inclusivo e respeitoso, decidiu pelo desligamento da estagiária envolvida no episódio do último final de semana nos Jogos Jurídicos”. O nome da estudante não foi divulgado.

A PUC-SP também se manifestou, repudiando veementemente qualquer forma de violência, racismo e aporofobia, e afirmou que manifestações discriminatórias são inadmissíveis e incompatíveis com os princípios e valores da instituição.

Outro estudante foi identificado nas gravações. É um estagiário do escritório Castro Barros Advogados, que usou o LinkedIn para expressar seu posicionamento, afirmando que não tolera qualquer tipo de ato discriminatório por parte de seus colaboradores, seja no ambiente de trabalho ou fora dele. “Qualquer pessoa que ignore ou desrespeite essa premissa não está apta a integrar o Castro Barros Advogados”, declarou.

Em resposta ao incidente, a diretoria dos Jogos Jurídicos Estaduais de São Paulo decidiu excluir a torcida do curso de Direito da PUC-SP das próximas rodadas do evento. A organização classificou as atitudes como inaceitáveis e ressaltou que o racismo é uma violação dos direitos humanos e uma afronta à convivência harmônica em sociedade.

A Polícia Civil está analisando as imagens para identificar os envolvidos e, até o momento, não há registro de ocorrência formalizado. O caso foi denunciado como racismo ao Ministério Público por parlamentares do PSOL, que solicitaram a abertura de inquérito para apurar os atos discriminatórios praticados.

LexLegal tenta contato com as defesas dos estudantes envolvidos.

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