Talibã proíbe janelas com vista para áreas usadas por mulheres no Afeganistão

Talibã proíbe janelas com vista para áreas usadas por mulheres no Afeganistão
A política do Talibã, descrita pela ONU como um “apartheid de gênero”, continua sendo alvo de críticas globais/Pixabay
Publicado em 02/01/2025 às 14:46

O regime Talibã, que retomou o controle do Afeganistão em agosto de 2021, continua impondo restrições severas às mulheres no país. Em um novo decreto, Hibatullah Akhundzada, líder do Emirado Islâmico do Afeganistão, proibiu a construção de janelas em prédios residenciais que permitam visão de áreas usadas por mulheres, como pátios e cozinhas. As janelas já existentes deverão ser vedadas ou bloqueadas, conforme anunciado pelo governo.

“Ver mulheres trabalhando em cozinhas, em pátios ou coletando água de poços pode levar a atos obscenos”, justificou Zabihullah Mujahid, porta-voz do governo, em publicação na plataforma X.

Aumento das restrições às mulheres

Além da proibição das janelas, o Talibã determinou o fechamento de organizações não governamentais (ONGs), nacionais ou internacionais, que empreguem mulheres. Essa decisão intensifica as restrições já impostas às mulheres no país, incluindo a proibição de cantar ou falar em público, o uso obrigatório da burca e a limitação da educação ao ensino fundamental. Mulheres também tiveram seus salários reduzidos em cargos governamentais e foram proibidas de receber treinamento de saúde ou ser atendidas por médicos homens.

Em 2021, o Talibã prometeu manter os direitos conquistados pelas mulheres durante a ocupação ocidental, mas rapidamente voltou a impor uma interpretação rígida da lei islâmica. Essas medidas ampliaram o isolamento do regime, que não é reconhecido pela ONU, embora países como Rússia, China, Paquistão e Emirados Árabes Unidos mantenham relações com o grupo.

Impactos internacionais e reação da ONU

O Tribunal de Justiça Europeu considera as mulheres afegãs como um grupo particularmente sujeito à perseguição. Em 2024, um estudo das Nações Unidas revelou que 67% das afegãs acreditam que sua situação piorará caso o Talibã seja reconhecido formalmente como governo.

Volker Turk, chefe de direitos humanos da ONU, expressou profunda preocupação com a revogação das licenças de ONGs que empregam mulheres, afirmando: “Nenhum país pode progredir — política, econômica ou socialmente — enquanto exclui metade de sua população da vida pública.”

A política do Talibã, descrita pela ONU como um “apartheid de gênero”, continua sendo alvo de críticas globais, enquanto as mulheres no Afeganistão enfrentam barreiras cada vez mais severas à sua participação na sociedade.

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