Superávit comercial da China alcança marca histórica de quase US$ 1 trilhão em 2024

Superávit comercial da China alcança marca histórica de quase US$ 1 trilhão em 2024
Autoridades chinesas destacam que o superávit não é uma meta da política econômica nacional/Reprodução
Publicado em 13/01/2025 às 19:25

A balança comercial da China registrou um superávit recorde de aproximadamente 7 trilhões de yuans (cerca de R$ 5,8 trilhões ou quase US$ 1 trilhão) em 2024, consolidando a posição do país como uma potência exportadora global. Este foi o oitavo ano consecutivo de aumento nas exportações, conforme dados da Administração Geral de Alfândegas (AGA), divulgados na última segunda-feira (13).

As exportações chinesas somaram 25,45 trilhões de yuans (aproximadamente R$ 21,18 trilhões), com um crescimento de 7,1% em relação a 2023. Já as importações totalizaram 18,39 trilhões de yuans (R$ 15,3 trilhões), registrando uma alta mais modesta de 2,3%.

Embora os números impressionem, autoridades chinesas afirmam que o superávit não reflete uma meta deliberada da política econômica do país. Wang Lingjun, vice-chefe da AGA, apontou que o resultado deriva de fatores como oferta global, divisão industrial do trabalho e dinâmica competitiva de mercado.

Durante a Conferência Central de Trabalho Econômico de 2024, o governo chinês destacou desafios como insuficiência na demanda interna, dificuldades para empresas e pressão sobre empregos e renda. Como parte do 14º Plano Quinquenal, que se encerra em 2025, foram estabelecidas prioridades como estimular o consumo interno, aumentar a renda e reduzir custos para as classes média e baixa.

Mudanças no modelo econômico

O economista Yao Yang, reitor da Escola Nacional de Desenvolvimento da Universidade de Pequim, avalia que o atual nível de superávit é insustentável. “A pressão internacional por conta de tarifas sobre exportações chinesas, incluindo as aplicadas pelo Brasil, impõe limites ao modelo econômico baseado em exportações”, afirmou.

Yao enfatizou a necessidade de transformar a economia chinesa em uma estrutura baseada no consumo doméstico. “O governo reconheceu a urgência dessa mudança e está priorizando políticas que incentivem o consumo interno”, explicou.

Perfil das exportações chinesas em 2024

O setor manufatureiro representou 98,9% das exportações chinesas no ano passado. Produtos como circuitos integrados e módulos de tela plana registraram aumentos de 18,7% e 18,1%, respectivamente, enquanto a exportação de equipamentos de engenharia naval cresceu expressivos 60,1%.

As exportações para os países da Iniciativa do Cinturão e Rota aumentaram 9,6%, enquanto o Brasil foi um dos principais destaques com um crescimento de 23,3%. Outros mercados como a Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático), os Estados Unidos e a União Europeia também apresentaram crescimento, embora em menor escala.

Liang Ming, diretor do Instituto de Comércio Exterior da Academia Chinesa de Comércio Internacional e Cooperação Econômica, destacou que a China mantém uma participação significativa de 14,5% nas exportações globais. “Essa taxa está próxima do pico histórico do país”, disse.

Parceiros comerciais e importações

A Asean continuou como o maior parceiro comercial da China em 2024, com exportações chinesas para a região alcançando US$ 586,5 bilhões (R$ 3,5 trilhões), um aumento de 12% em comparação a 2023. As importações dessa região, por sua vez, cresceram apenas 2%, totalizando US$ 395,8 bilhões (R$ 2,4 trilhões).

Já as exportações chinesas para a União Europeia cresceram 3%, totalizando mais de US$ 516 bilhões (R$ 3 trilhões). Em contrapartida, as importações caíram 4,4%, atingindo US$ 269 bilhões (R$ 1,6 trilhão).

Além disso, a China importou quase 3 bilhões de toneladas de commodities a granel e mais de 7 trilhões de yuans (R$ 5,8 trilhões) em produtos mecânicos e elétricos.

O superávit recorde reflete tanto a força quanto os desafios enfrentados pela economia chinesa em um cenário de mudanças globais e pressões internas. A necessidade de reorientar a economia para o consumo doméstico, enquanto mantém uma posição de liderança nas exportações, será crucial para o futuro do país. A China caminha para equilibrar crescimento econômico e sustentabilidade, ao mesmo tempo em que busca atender às demandas internas e manter sua competitividade internacional.

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