Da redação de LexLegal

As fusões e aquisições (M&A) têm ganhado cada vez mais destaque no cenário econômico brasileiro. Marcado por oscilações e desafios, o mercado de M&A se renova constantemente e promete grandes movimentações para 2025, com setores específicos despontando como protagonistas. A realização da COP30, prevista para ocorrer em Belém (PA), e a influência da Agenda 2030 devem moldar parte significativa das decisões estratégicas dos investidores.

De acordo com uma pesquisa da KPMG referente ao segundo semestre de 2024, o número de operações de fusões e aquisições no Brasil aumentou 17%, com destaque para 256 transações domésticas e 170 transações internacionais. São Paulo, por sua relevância econômica, concentrou 52% das operações. Essa expansão reflete o dinamismo do mercado e a busca por oportunidades alinhadas a critérios de inovação, sustentabilidade e governança.

Para 2025, os especialistas projetam que o mercado de M&A será fortemente influenciado por fatores como a transição energética, avanços tecnológicos e demandas do consumidor por práticas sustentáveis e éticas.

“Empresas que já alinharam suas estratégias aos princípios de ESG (Ambiental, Social e Governança) têm mais chances de atrair investidores e mitigar riscos durante processos de fusões e aquisições”, analisa Priscila Ferreira, sócia do VGJr Advogados Associados e especialista em Direito do Trabalho Empresarial.

“Investidores institucionais, fundos de private equity e grandes conglomerados priorizam negócios com políticas claras de responsabilidade socioambiental. Essas práticas não só fortalecem o cumprimento regulatório, mas também promovem competitividade e confiança de longo prazo”, afirma Vanderlei Garcia Jr., sócio da mesma banca e especialista em Direito Societário.

Confira, a seguir, os setores que devem ganhar destaque no mercado de M&A em 2025:

Tecnologia e inovação

Inteligência Artificial (IA) e Big Data: A crescente demanda por ferramentas que otimizem processos e ofereçam soluções estratégicas, como softwares SaaS e análises de grandes volumes de dados, continua em alta. Empresas que investem em segurança cibernética e computação em nuvem devem ser alvo de intensa competição. “Essas tecnologias são pilares para a transformação digital de empresas e governos, o que as torna atrativas para investidores em busca de sinergias”, destaca Garcia Jr.

Indústria 4.0 e IoT (Internet das Coisas): No Brasil, o uso de dispositivos conectados para automatizar processos industriais ganha força. Fundos de investimento têm apostado na digitalização de cadeias produtivas, otimizando operações e ampliando a competitividade das empresas.

Energia e infraestrutura sustentável

Fontes renováveis: A transição energética global impulsiona investimentos em projetos de energia limpa, como solar, eólica e biomassa. Incentivos governamentais e maior conscientização sobre as mudanças climáticas tornam o setor atrativo. “Esse segmento representa retornos sólidos e está em total sintonia com as demandas de ESG”, afirma Priscila Ferreira.

Mobilidade elétrica: Empresas de logística sustentável, veículos elétricos e infraestrutura de recarga têm atraído aportes significativos. Com metas globais de redução de emissões de carbono, o segmento deve expandir rapidamente, promovendo fusões e aquisições estratégicas.

Saúde e bem-estar

HealthTechs e biotecnologia: Plataformas de telemedicina e soluções digitais para o acompanhamento remoto de pacientes continuam a se consolidar como protagonistas no setor de saúde. Além disso, startups de biotecnologia focadas em terapias inovadoras e vacinas permanecem no radar dos investidores. “Essas áreas têm alto impacto social e potencial de retorno financeiro significativo, além de responderem diretamente às demandas do mercado pós-pandemia”, ressalta Priscila.

Agro e alimentação

AgTechs: O agronegócio brasileiro, conhecido por sua capacidade produtiva, está passando por uma modernização acelerada. Soluções como agricultura de precisão e rastreabilidade de alimentos têm atraído investidores que buscam consolidar market share e fortalecer a sustentabilidade na produção.

Plant-based e alimentação saudável: A busca por alimentos saudáveis e de menor impacto ambiental impulsiona o crescimento do mercado plant-based. Empresas que atendem a essa demanda têm registrado aumento na procura por parcerias estratégicas e fusões.

Educação

EdTechs: Com o avanço da educação a distância e a valorização da qualificação profissional, as startups educacionais focadas em tecnologia seguem em alta. Plataformas de ensino escaláveis e flexíveis tornam-se cada vez mais necessárias, atendendo à demanda por capacitação em áreas digitais.

Além dos setores em destaque, especialistas apontam que o sucesso das operações de M&A dependerá de um planejamento estratégico robusto, que integre governança, inovação e conformidade regulatória.

A realização da COP30 no Brasil deve reforçar a urgência por práticas ESG, colocando o país em evidência no cenário global. Isso, combinado com os avanços da Agenda 2030, cria um ambiente favorável para empresas que priorizam transparência e sustentabilidade.

Por outro lado, desafios como a adaptação tecnológica de setores mais tradicionais e a necessidade de capacitação continuam no radar. “A digitalização é indispensável para quem deseja se destacar no mercado de M&A. Ferramentas como big data e IA não apenas otimizam operações, mas também ajudam a prever tendências e riscos”, explica Garcia Jr.

Com um ambiente regulatório mais rigoroso e exigências crescentes por parte de investidores, 2025 promete ser um ano dinâmico para o mercado de M&A no Brasil. Empresas que se prepararem para atender às novas demandas estarão melhor posicionadas para aproveitar as oportunidades e enfrentar os desafios do próximo ano.