Parlamento francês destitui primeiro-ministro Michel Barnier após 3 meses de mandato
Michel Barnier, primeiro-ministro da França, foi destituído nesta quarta-feira (4) após perder uma moção de censura no parlamento. Com apenas três meses no cargo, Barnier se tornou o chefe de governo mais breve da história recente do país.
A crise foi desencadeada quando Barnier, à frente de um governo minoritário apoiado por centristas e conservadores ligados ao partido de extrema-direita de Marine Le Pen, utilizou uma cláusula constitucional para aprovar parte do orçamento de 2025 sem votação na Assembleia Nacional. A proposta previa cortes de gastos e um aumento de 60 bilhões de euros em impostos.
A manobra irritou tanto a oposição de esquerda quanto os aliados de extrema-direita, que acusaram Barnier de ignorar suas demandas por ajustes no pacote orçamentário. Legisladores de esquerda, que já haviam prometido destituir o premiê após a indicação de seu nome pelo presidente Emmanuel Macron, lideraram a moção de censura.
Crise política em um parlamento dividido
A turbulência reflete uma crise política mais ampla iniciada com a dissolução da Assembleia Nacional por Macron e a antecipação das eleições parlamentares após o avanço da extrema-direita nas eleições europeias de junho.
O cenário resultou em um parlamento fragmentado em três blocos: a coalizão de esquerda Nova Frente Popular, os centristas aliados de Macron e o Reagrupamento Nacional, de extrema-direita. Essa divisão dificulta a formação de maiorias para governar.
Próximos passos
Com a destituição de Barnier, Macron precisará nomear um novo primeiro-ministro para liderar o governo até as próximas eleições legislativas, previstas apenas para julho de 2025. Até lá, o governo deve recorrer a decretos para manter os serviços essenciais e a arrecadação tributária, congelando novos gastos e aumentos de impostos, incluindo um reforço planejado de 3,3 bilhões de euros no orçamento militar.
A instabilidade política francesa continua a ser um desafio para o governo de Macron, que enfrenta crescentes dificuldades para implementar sua agenda em meio a um parlamento dividido e opositores cada vez mais fortalecidos.