O futuro das legaltechs no Brasil com a nova administração de Donald Trump: O efeito global nas startups jurídicas

O futuro das legaltechs no Brasil com a nova administração de Donald Trump: O efeito global nas startups jurídicas
Nos Estados Unidos, os investimentos em legaltechs são cada vez mais altos, e o governo tem mostrado um apoio à desregulamentação e à criação de um ambiente mais favorável para o crescimento de startups/Pixabay
Publicado em 23/01/2025 às 7:54

Priscila Spadinger*

Hoje quero conversar sobre um assunto que me empolga e também me preocupa bastante e que está diretamente ligado ao que estamos vivendo no mercado de legaltechs: o impacto que a nova administração de Donald Trump, recém-empossado como presidente dos EUA, pode ter no futuro das startups jurídicas, principalmente no Brasil.

Como CEO da holding Aleve LegalTech Ventures S/A e tendo acompanhado de perto o crescimento desse ecossistema, acho muito importante que a gente olhe para o cenário global e entenda como ele pode ajudar a acelerar ainda mais as inovações na área do Direito. E, claro, aproveitar as oportunidades que estão surgindo por aí.

O que a nova gestão de Trump tem a ver com isso?

A presidência de Trump pode ser vista de várias maneiras, mas, se olharmos com atenção, podemos perceber que ele sempre foi um defensor da inovação e da competitividade. Agora, com esse novo mandato, ele tem ainda mais poder para influenciar a forma como os EUA vão lidar com o avanço da tecnologia em diversos setores, inclusive o jurídico.

Nos Estados Unidos, os investimentos em legaltechs são cada vez mais altos, e o governo tem mostrado um apoio à desregulamentação e à criação de um ambiente mais favorável para o crescimento de startups. Isso, para nós, que estamos aqui no Brasil, é uma oportunidade enorme! Por quê? Porque as tendências que surgem por lá acabam ecoando no mundo inteiro. E, sim, até aqui no Brasil. O que está acontecendo nos EUA pode ajudar as nossas legaltechs a darem um salto no mercado global.

O Brasil está preparado para aproveitar essas oportunidades?

O mercado jurídico brasileiro, como vocês sabem, é gigante, basta ler meu artigo publicado por aqui na última semana, onde contei que somos o maior país do mundo em número de advogados proporcionalmente à população total. Só que, até hoje, a transformação digital no setor ainda está engatinhando, em comparação com o que estamos vendo em outros países. Mas as legaltechs brasileiras estão começando a mostrar a sua força, e a nossa missão é justamente ajudar a acelerar esse processo. Na Aleve, por exemplo, já temos 12 startups em nosso portfólio, e o valor total de mercado de todas elas, em conjunto, já ultrapassa 200 milhões de reais. Isso não é pouca coisa!

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Agora, imaginem o tamanho do nosso potencial, considerando o movimento global. A digitalização do mercado jurídico nos EUA, principalmente nas áreas de automação, inteligência artificial e blockchain, está em um ritmo frenético. E sabe o que isso significa? Mais oportunidades para as nossas startups legaltechs se destacarem no mercado internacional. Se conseguirmos alinhar nossas soluções com as demandas que estão sendo criadas nos Estados Unidos, temos um caminho sólido para conquistar o mundo.

O que podemos aprender com os EUA?

O que o governo Trump está fazendo é criar um ambiente onde a inovação pode florescer. Isso inclui investimentos pesados em novas tecnologias, especialmente no setor privado. Para as legaltechs, isso representa uma chance de expandir e desenvolver soluções que possam ser exportadas para outros mercados, principalmente os EUA.

Eu acredito muito nesse movimento. Já vemos algumas legaltechs brasileiras participando de eventos internacionais focadas em soluções para a área do Direito e fechando parcerias com empresas dos EUA. E não é só isso! Os investidores norte-americanos estão de olho no Brasil, especialmente porque eles sabem que temos um mercado jurídico grande e cheio de desafios que podem ser resolvidos com tecnologia. E mais, somos um país com dados públicos abertos e acessíveis a todos e isso é “ouro” no mercado: dados!

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Acho que essa troca de experiências vai ser muito rica para as legaltechs brasileiras. Se conseguirmos aprender com o que está sendo feito nos EUA, podemos acelerar ainda mais a implementação de novas soluções aqui no Brasil. E o melhor: podemos levar essas soluções para outros países, ampliando o impacto do nosso trabalho.

O que esperar para o futuro?

Com a entrada do Trump no seu segundo mandato, eu acredito que o Brasil tem muito a ganhar. Temos um mercado jurídico em plena transformação, com as legaltechs brasileiras começando a ganhar força. E agora, com a possibilidade de exportarmos soluções e fecharmos parcerias com empresas internacionais, o cenário é ainda mais promissor.

Além disso, a regulação no Brasil está começando a caminhar para criar um ambiente mais amigável para a inovação tecnológica. Por exemplo, já vemos discussões e muita implantação do uso de inteligência artificial no Direito e a regulamentação de novas tecnologias como blockchain. Isso vai permitir que as legaltechs brasileiras tenham mais espaço para crescer e inovar.

E, claro, temos a questão dos investimentos. Com o aumento da digitalização e do uso de tecnologia no setor jurídico, os investidores estão mais interessados do que nunca em apoiar startups que tragam soluções tecnológicas para o direito. O governo dos EUA, liderado por Trump, incentivará ainda mais esse movimento e isso pode resultar em mais dinheiro fluindo para as legaltechs brasileiras, o que, no fim das contas, é ótimo para todos nós.

Como podemos aproveitar isso?

Como ecossistema voltado para inovação e tecnologia na área do Direito, estamos numa posição incrível para aproveitar essas oportunidades. O Brasil tem se mostrado cada vez mais forte nesse setor, e nós, como empreendedores e investidores, precisamos estar atentos ao que está acontecendo no mundo.

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Para as legaltechs brasileiras, isso significa duas coisas: primeiro, temos a chance de crescer aqui dentro, aproveitando um mercado cada vez mais digitalizado. E, segundo, podemos olhar para fora e exportar nossas soluções, ajudando a levar o nome do Brasil para o mundo.

Eu, pessoalmente, estou super empolgada com o que vem por aí. Penso que a era das legaltechs no Brasil está só começando, e o movimento global, impulsionado pela administração de Trump, só tende a acelerar esse processo.

Então, se você é empreendedor, investidor ou está de alguma forma envolvido nesse ecossistema, fique ligado nas oportunidades que estão surgindo. O futuro já está presente no Direito, é digital, e as legaltechs têm um papel fundamental nessa transformação.

*Priscila Spadinger é CEO da holding Aleve LegalTech Ventures S/A, advogada especializada em M&A e investidora anjo.

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