Luciano Teixeira – São Paulo

Fernanda Torres conquistou uma das maiores honras do cinema mundial ao ser indicada ao Oscar 2025 de Melhor Atriz por sua atuação em Ainda Estou Aqui. O filme, uma produção original da Globoplay dirigida por Walter Salles, também garantiu indicações históricas a Melhor Filme e Melhor Filme Internacional. Um marco que coloca o Brasil em destaque na maior premiação do cinema mundial.

A indicação de Fernanda Torres é especialmente significativa, pois ocorre 26 anos após sua mãe, Fernanda Montenegro, ter sido indicada na mesma categoria por Central do Brasil (1998), também sob a direção de Walter Salles.

Ainda Estou Aqui fez história ao ser o primeiro filme brasileiro indicado à categoria principal de Melhor Filme no Oscar. Além disso, sua inclusão na lista de Melhor Filme Internacional marca a quinta vez que o Brasil concorre nesta categoria, sendo as indicações anteriores para O Pagador de Promessas (1963), O Quatrilho (1996), O Que é Isso, Companheiro? (1998) e Central do Brasil (1999).

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O impacto das três indicações vai muito além do reconhecimento internacional. Elas também destacam a qualidade e o potencial do cinema nacional, reforçando o papel do Brasil no cenário cinematográfico global.

A transformação de uma mãe em uma ícone dos direitos humanos

Ainda Estou Aqui é uma adaptação do livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva e narra a trajetória da mãe do autor, Eunice Paiva. Na década de 1970, após o assassinato de seu marido, o ex-deputado Rubens Paiva, pela ditadura militar. Eunice emerge de uma dona de casa comum para se tornar uma das maiores ativistas dos direitos humanos no Brasil. Fernanda Torres entrega uma atuação magistral, capturando as nuances de dor, resiliência e coragem de sua personagem.

O papel inicialmente seria de Mariana Lima, mas a escolha final de Torres se mostrou decisiva para o impacto do filme. Sua performance foi amplamente elogiada e consolidada com a vitória no Globo de Ouro 2025 como Melhor Atriz em Filme de Drama, um feito que impulsionou sua campanha ao Oscar.

Um legado familiar no Oscar

A indicação de Fernanda Torres revive memórias da histórica indicação de sua mãe, Fernanda Montenegro, em 1999. Na época, Montenegro concorria com nomes como Meryl Streep e Cate Blanchett, mas perdeu para Gwyneth Paltrow (Shakespeare Apaixonado).

Em entrevista, Torres destacou o impacto que Ainda Estou Aqui tem tido no Brasil: “O reconhecimento internacional é maravilhoso, mas o mais importante é ver as pessoas, no Brasil, discutindo a história do filme e reconhecendo a força dessa mulher incrível que foi Eunice Paiva”. A atriz também frisou que a ausência de uma estatueta não diminui a importância do filme ou das transformações que ele está provocando.

O cineasta Walter Salles é outro protagonista dessa história. Com Central do Brasil, ele colocou o Brasil no radar de Hollywood no final dos anos 1990. Agora, com Ainda Estou Aqui, ele reafirma seu talento e sua capacidade de conectar histórias brasileiras ao público internacional. O filme também mostra a habilidade de Salles de trabalhar com temas sensíveis e universais, como perda, memória e enfrentamento.

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Além de Melhor Atriz, Ainda Estou Aqui compete com gigantes na categoria Melhor Filme, como Anora, Wicked e O Brutalista. O Brasil também enfrenta forte concorrência na categoria de Filme Internacional, incluindo o francês Emilia Pérez e o filme iraniano indicado pela Alemanha, A Semente do Fruto Sagrado.

Apesar da competição acirrada, as três indicações representam são um enorme feito para o cinema brasileiro e um convite para que o público mundial explore a qualidade desta e de outras produções nacionais. Independentemente do resultado, a presença de Ainda Estou Aqui no Oscar 2025 já é uma vitória que fortalece o reconhecimento do Brasil no cenário cinematográfico global.

A cerimônia de entrega do Oscar 2025 acontecerá no dia 2 de março, em Los Angeles, com apresentação de Conan O’Brien. Enquanto isso, a torcida brasileira continua a crescer, celebrando cada momento dessa jornada histórica.