A atriz brasileira Fernanda Torres foi indicada ao Globo de Ouro na categoria de melhor atriz por sua performance no filme “Ainda Estou Aqui”. A produção dirigida por Walter Salles também recebeu indicação na categoria de melhor filme em língua não-inglesa.

Baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, o filme narra a história real de Eunice Paiva, mãe do autor, que enfrentou a dor e o vazio deixados pelo desaparecimento de seu marido, Rubens Paiva, durante a ditadura militar no Brasil. Transformando sua tragédia pessoal em força, Eunice tornou-se uma das principais ativistas de direitos humanos no país. Segundo a crítica especializada, Fernanda Torres entrega uma interpretação visceral e comovente como Eunice, enquanto Selton Mello dá vida a Rubens Paiva, trazendo à tona as memórias de um período sombrio da história brasileira.

A indicação de Fernanda Torres ao Globo de Ouro ganha um simbolismo especial, pois acontece 25 anos após sua mãe, Fernanda Montenegro, receber o mesmo reconhecimento por “Central do Brasil”, também dirigido por Walter Salles.

Além disso, Fernanda Torres foi recentemente reconhecida pela Associação de Críticos de Los Angeles, onde dividiu o segundo lugar na categoria de Melhor Atuação com Demi Moore. Este reconhecimento internacional reafirma o talento e a versatilidade da atriz, que há décadas encanta o público em diversas plataformas, do teatro à televisão, passando agora por uma das performances mais intensas de sua carreira no cinema.

“Ainda Estou Aqui” estreou no Festival de Veneza, onde foi ovacionado por 10 minutos, emocionando a plateia. Desde então, o filme se tornou um fenômeno de público no Brasil, levando mais de 2,2 milhões de espectadores aos cinemas. Aclamado pela crítica, é apontado como um forte candidato a representar o Brasil na disputa pelo Oscar 2025.

O contexto histórico

O desaparecimento de Rubens Paiva é uma das feridas abertas deixadas pela ditadura militar no Brasil. Como deputado e defensor de direitos democráticos, Paiva foi alvo do regime, e seu sumiço em 1971 tornou-se um símbolo da luta pela justiça e pela verdade. Eunice Paiva, interpretada por Fernanda Torres, emerge nesse contexto como uma heroína silenciosa, enfrentando a perda pessoal e os desafios de criar os filhos em meio a ameaças e perseguições.

No papel de Eunice, Fernanda Torres traduz a complexidade de uma mulher dividida entre o luto e a determinação, entregando uma atuação que captura tanto a fragilidade quanto a força de sua personagem. Selton Mello, como Rubens Paiva, adiciona camadas de humanidade à figura histórica, enquanto o restante do elenco oferece performances coesas que ampliam o impacto emocional do filme.

As indicações ao Globo de Ouro são apenas uma parte do sucesso de “Ainda Estou Aqui”. A recepção calorosa em festivais internacionais, como Veneza, e o forte desempenho nas bilheterias brasileiras mostram que o filme encontrou uma conexão com públicos diversos. Críticos destacam não apenas a força das atuações, mas também a qualidade técnica da produção, que inclui fotografia, trilha sonora e montagem.

Fernanda Torres, ao lado de Walter Salles, Selton Mello e todo o elenco, está sendo celebrada como parte de uma obra que transcende fronteiras e reafirma a relevância do cinema brasileiro no cenário global. A expectativa agora recai sobre a temporada de premiações, com o Oscar 2025 no horizonte.