A aceleração da Gen IA no mercado: como as empresas têm navegado nesse novo mundo

A aceleração da Gen IA no mercado: como as empresas têm navegado nesse novo mundo
O principal desafio da adoção de IA: privacidade e segurança/Pixabay
Publicado em 27/01/2025 às 10:20

Nicole Davila*

O ano de 2022 ficará na história como um marco da Inteligência Artificial (IA) Generativa, principalmente por conta do lançamento comercial de ferramentas como o ChatGPT, da OpenAI. Com a capacidade de criar conteúdos, incluindo textos e imagens, essa tecnologia vem revolucionando diversas áreas. Hoje, somente dois anos depois desse importante marco, as possibilidades de uso da IA generativa estão cada vez mais claras, com diversos exemplos de aplicação, desde assistentes de suporte ao cliente até ferramentas para criação de conteúdo para redes sociais. Apesar de curta, a experiência tem se mostrado intensa. Com isso, a fase de experimentação tem dado lugar à fase de aceleração, na qual as discussões focam cada vez mais em potencializar a adoção de IA generativa.

Segundo levantamento da Oliver Wyman Forum, cerca de 67% dos participantes brasileiros utilizavam IA generativa uma vez ou mais por semana no final de 2023,  conforme coleta realizada entre outubro e novembro daquele ano. Esse valor fica acima da média geral entre países mapeados pelo estudo, que é 55%.

Em outro levantamento mais recente, este conduzido pela McKinsey & Company entre fevereiro e março de 2024, foi observado um aumento na adoção de IA em organizações ao redor do mundo. Enquanto em anos anteriores 50% dos participantes indicavam que sua organização adotava IA em pelo menos uma função de negócio, em 2024 o percentual subiu para 72% (de um total de 1.363 participantes). Essa pesquisa ainda indica que a adoção tem valorizado funções onde é possível obter mais valor no negócio, como marketing e vendas, desenvolvimento de produtos e serviços, e tecnologia da informação (TI). Tais dados evidenciam como a adoção de IA vem crescendo expressivamente em empresas de diferentes segmentos e partes do mundo.

A tendência de adoção da IA para apoiar negócios também foi observada no World Summit AI, evento realizado entre os dias 09 e 10 de outubro de 2024 em Amsterdam. Contudo, mais do que adotar IA generativa devido a sua popularidade, uma recomendação frequente foi priorizar a identificação daquilo que tem mais valor para o negócio e traçar uma estratégia clara de uso da IA generativa a partir daí. Chamado por alguns de “business value driven strategy” (estratégia orientada pelo valor de negócio, em tradução livre), a abordagem sugere que a adoção de IA generativa seja direcionada por uma função, problema, ou valor do negócio que vai se beneficiar do potencial da IA. 

Um alerta, contudo, foi apresentado na palestra “Accelerating value creation with decentralized AI data products” de Danilo Sato (VP de Dados e IA) e Artiom Troyanovsky (Engenheiro Sênior de Machine Learning), ambos da Thoughtworks.  Para Sato e Troyanovsky, o valor dos dados e da IA depende de todo o ciclo de inteligência, incluindo a ação gerada para o negócio a partir do uso da IA generativa. Ou seja, não é apenas sobre adotar IA generativa com um propósito claro, mas buscar que esse movimento se reflita em uma tomada de decisão melhor, mais rápida, e escalável, impulsionando os negócios. 

A mensagem que fica é que a adoção de IA deve começar com um escopo pequeno, que represente o máximo valor ao negócio, e, a partir daí, as ações precisam ser coordenadas para que o efeito da adoção seja percebido pelas partes envolvidas. Não se pode perder de vista o que norteou a adoção da IA em primeiro lugar: otimizar um processo, facilitar o entendimento de algum conteúdo, ou facilitar uma tarefa complexa, por exemplo.

O principal desafio da adoção de IA: privacidade e segurança

O belo discurso sobre a adoção da IA direcionada pelas necessidades do negócio, entretanto, não deve ofuscar seus desafios. Entre palestrantes do World Summit AI 2024, algumas barreiras no uso da IA se destacam, como segurança e privacidade. Atualmente,  muitas ferramentas baseadas em IA generativa estão disponíveis publicamente, com dados e sistemas não-proprietários. Com isso, informações sensíveis e privadas enviadas nessas ferramentas podem ser acessadas por terceiros, o que representa um risco de segurança a nível individual e organizacional. 

Resultados das pesquisas citadas anteriormente corroboram com essa percepção: em ambos os estudos, privacidade e segurança estão entre as três preocupações mais comuns entre os participantes. Um caminho sugerido pelas discussões da área para superar (ou pelo menos minimizar) essa barreira está na governança. Através de mecanismo de supervisão e orientação, o foco dessa abordagem é que organizações definam meios de controle para um uso responsável da IA. Enquanto discussões e iniciativas nesse sentido tem ocorrido ao redor do mundo, ainda não existe um consenso sobre como tratar essa questão. 

Outra barreira encontrada frequentemente na adoção da IA é a falta de confiabilidade das pessoas nas ferramentas. Receio sobre a estabilidade do emprego, incerteza sobre a segurança da nova tecnologia, desconfiança sobre a verdade por trás de seus resultados oferecidos pela IA são apenas alguns exemplos de barreiras criadas pela falta de conhecimento dessa nova tecnologia. Como forma de mitigar essa barreira, a capacitação foi um ponto amplamente defendido no World Summit AI 2024. 

No painel “Leading cultural change to ensure successful AI adoption and engagement” mediado por Laurens Vanryckeghem, no evento, a discussão destacou que nem todas as pessoas envolvidas em um determinado processo tem fluência em IA, por isso diretrizes e treinamentos. Ou seja, uma ótima alternativa para superar essa barreira está na disseminação do conhecimento: o que é essa tecnologia, quais usos possíveis, exemplos, desafios e pontos de atenção. Capacitar as pessoas traz conscientização sobre aplicabilidade e reduz barreiras, incentivando a adoção. 

Nessa fase de transição entre experimentação e aceleração da adoção de IA, certas preocupações se destacam e algumas estratégias se consolidam. Foco nas pessoas e nos negócios parece ser essencial, tratando a tecnologia como uma aliada. Gestores e lideranças terão cada vez mais um papel fundamental, guiando as estratégias de uso e promovendo a autoridade técnica em IA. Tudo indica que foco nas pessoas, governança e visão de negócios são pilares para promover a aceleração da adoção da IA generativa no futuro próximo.

*Nicole Davila é Desenvolvedora Back-End.

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