Avanço rebelde na Síria aumenta pressão sobre o regime de Bashar Al-Assad
O avanço dos rebeldes extremistas na Síria intensificou a crise política e militar no país, colocando o regime de Bashar Al-Assad sob pressão sem precedentes. De acordo com a agência de notícias Reuters, neste domingo (8) o mandatário embarcou em um avião e deixou a capital Damasco, em meio à ofensiva de forças rebeldes. No sábado (7), o grupo extremista Hayat Tahrir Al-Sham alcançou a cidade de Homs, a terceira maior do país, aproximando-se da capital, Damasco. Esse movimento ocorre após semanas de vitórias estratégicas que consolidaram o controle rebelde sobre áreas importantes no noroeste da Síria.
Em menos de duas semanas, os rebeldes conquistaram cidades-chave como Aleppo e Hama, ampliando sua ofensiva em direção ao sul. Aleppo, que já foi um dos principais centros econômicos do país, caiu nas mãos do grupo na semana passada. Já em Hama, os insurgentes capturaram uma base militar significativa, incluindo caças do regime, evidenciando a fragilidade das forças de Assad.
A chegada a Homs, conhecida por seu peso histórico e estratégico, marcou um ponto crítico no conflito. Relatos indicam que comandantes do regime deixaram a cidade, enquanto o grupo extremista tomou o controle de instalações importantes, incluindo um presídio onde libertaram milhares de detentos. Os líderes rebeldes afirmaram que seu objetivo final é a derrubada do regime de Assad, mas prometeram não atacar escritórios governamentais ou usar armas químicas.
Crise humanitária e reações internacionais
O avanço rebelde provocou um êxodo de moradores de Damasco, incluindo famílias de bairros mais abastados. A perspectiva de que os insurgentes cheguem à capital nos próximos dias aumentou o clima de incerteza entre os civis.
Internacionalmente, o conflito atraiu respostas divergentes. O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, reiterou o apoio de Moscou a Assad, mas pediu diálogo para evitar mais derramamento de sangue. Já o enviado da ONU para a Síria, Geir Pedersen, destacou a urgência de uma solução política e apelou para a proteção de civis.
Por outro lado, o Irã, tradicional aliado de Assad, começou a retirar comandantes da Guarda Revolucionária de território sírio, sugerindo uma reavaliação de sua presença no conflito. Vizinhos como o Líbano fecharam suas fronteiras, temendo um novo fluxo migratório.
A guerra civil síria, que já dura 13 anos, é uma das mais devastadoras do século 21, com mais de meio milhão de mortos. O regime de Assad conseguiu resistir ao longo do tempo graças ao apoio militar de aliados como Rússia e Irã. No entanto, o foco russo na guerra na Ucrânia e os sinais de afastamento do Irã enfraqueceram a capacidade de Assad de sustentar suas operações militares.
Os Estados Unidos, que não apoiam diretamente o governo sírio nem o grupo rebelde Hayat Tahrir Al-Sham, mantêm uma posição de monitoramento. Em uma publicação recente, o ex-presidente Donald Trump enfatizou que os EUA devem evitar envolvimento no conflito, chamando a situação síria de “bagunça”.
O futuro do regime
Com a ofensiva rebelde ganhando força e o enfraquecimento do regime de Assad, analistas apontam para um cenário de transição iminente na Síria. Representantes de Rússia, Irã e Turquia se reuniram em Doha, no Catar, para discutir possíveis soluções políticas. O comunicado conjunto reforçou a necessidade de cessar as operações militares e proteger os civis, mas ainda há dúvidas sobre como isso será implementado.
Enquanto o Hayat Tahrir Al-Sham se consolida como uma força dominante no conflito, a incerteza sobre o futuro da Síria permanece. A possível queda de Damasco pode significar o fim de mais de cinco décadas da dinastia Assad, mas também levanta questões sobre o que virá em seguida para um país marcado pela devastação e divisão.