Golpe do SMS: criminosos usam dados pessoais para habilitar linhas pré-pagas e aplicar fraudes

Golpe do SMS: criminosos usam dados pessoais para habilitar linhas pré-pagas e aplicar fraudes
O golpe tem início quando os criminosos obtêm dados sensíveis, como CPF e nome completo das vítimas, muitas vezes disponíveis em bases vazadas ou comercializadas ilegalmente na internet/Pixabay
Publicado em 24/11/2024 às 14:34

Nos últimos meses, um golpe envolvendo a habilitação de linhas de celular pré-pagas em nome de terceiros vem chamando a atenção de especialistas e autoridades. Criminosos utilizam dados pessoais de vítimas para registrar essas linhas e enviar mensagens SMS fraudulentas, dificultando a rastreabilidade das operações ilícitas. A prática, conhecida como “golpe do SMS”, ilustra como vazamentos de dados e a fragilidade de controles em determinados processos podem facilitar a ação de fraudadores.

Como o golpe funciona?

O golpe tem início quando os criminosos obtêm dados sensíveis, como CPF e nome completo das vítimas, muitas vezes disponíveis em bases vazadas ou comercializadas ilegalmente na internet. De posse dessas informações, eles habilitam linhas de celular pré-pagas, que ficam formalmente vinculadas ao CPF da vítima. A partir dessas linhas, enviam mensagens SMS fraudulentas com o objetivo de enganar destinatários e roubar dados ou dinheiro.

As mensagens frequentemente simulam comunicações de bancos, empresas ou órgãos governamentais, utilizando linguagem formal e marcas reconhecidas. O conteúdo pode variar desde alertas de segurança falsos até notificações sobre supostas pendências financeiras ou promoções irresistíveis. Em muitos casos, essas mensagens contêm links para sites maliciosos, projetados para capturar dados bancários e informações pessoais dos usuários.

Por que os criminosos recorrem a linhas pré-pagas?

O uso de linhas pré-pagas é estratégico para os criminosos. Por serem habilitadas em nome de terceiros, essas linhas dificultam a identificação dos verdadeiros responsáveis pelas fraudes. Além disso, a facilidade de registro no Brasil contribui para a perpetuação desse tipo de crime.

Até recentemente, bastava fornecer um CPF para ativar uma linha pré-paga em muitos estados. Apesar das exigências legais para a validação dos dados, a fiscalização e o controle nem sempre são eficazes. Isso cria brechas para que criminosos utilizem informações de vítimas, muitas vezes sem que elas percebam, até que sejam notificadas de irregularidades.

O impacto para as vítimas

As consequências para quem tem os dados utilizados em golpes podem ser graves. A pessoa pode ser responsabilizada por ações criminosas, enfrentar dificuldades para provar sua inocência e ainda ter que lidar com cobranças indevidas de operadoras de telefonia.

Além disso, vítimas de vazamentos de dados frequentemente se tornam alvos de múltiplos golpes, uma vez que suas informações passam a circular em redes criminosas. A situação é ainda mais alarmante em um país onde, segundo a Anatel, existem mais linhas de celular do que habitantes, o que reforça a necessidade de um controle mais rigoroso.

Medidas adotadas para combater o golpe

Em resposta à crescente incidência de fraudes, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e operadoras de telefonia têm intensificado os mecanismos de segurança para a habilitação de linhas pré-pagas. Entre as iniciativas, destaca-se a criação do portal Cadastro Pré, que permite aos cidadãos verificarem se há linhas telefônicas registradas em seus CPFs. Caso identifiquem irregularidades, é possível solicitar o cancelamento diretamente com a operadora responsável.

Além disso, a Anatel tem incentivado as operadoras a adotarem processos de validação mais robustos, incluindo a verificação de identidade por meio de documentos oficiais e a biometria facial. Essas medidas buscam reduzir o uso indevido de CPFs em registros de linhas telefônicas e dificultar a ação de criminosos.

“Estamos trabalhando para aprimorar os sistemas de registro e garantir maior segurança aos consumidores. A validação de dados é essencial para evitar fraudes e proteger a integridade do sistema,” declarou um porta-voz da Anatel.

Orientações para se proteger

Especialistas em segurança cibernética recomendam diversas práticas para minimizar os riscos de se tornar uma vítima desse tipo de golpe. Entre elas, estão:

  • Monitorar seu CPF regularmente: Ferramentas como o Cadastro Pré da Anatel e plataformas de proteção de crédito permitem verificar atividades suspeitas relacionadas ao CPF.
  • Evitar divulgar dados pessoais desnecessariamente: Sempre que possível, questione a necessidade de compartilhar informações como CPF e outros documentos, principalmente em formulários online.
  • Desconfiar de mensagens suspeitas: Evite clicar em links enviados por SMS ou fornecer dados pessoais em comunicações não solicitadas. Caso tenha dúvidas, entre em contato diretamente com a instituição por meios oficiais.
  • Proteger suas informações online: Utilize senhas fortes e, sempre que possível, habilite a autenticação em dois fatores para proteger suas contas e dados.

O que fazer ao descobrir que seu CPF foi usado?

Se você identificar uma linha telefônica ativada em seu nome sem sua autorização, é essencial agir rapidamente. Primeiro, entre em contato com a operadora de telefonia para solicitar o cancelamento da linha. Registre também um boletim de ocorrência, que pode ser usado como prova em eventuais disputas legais ou para proteger sua reputação.

Além disso, é recomendável monitorar outras áreas sensíveis, como cartões de crédito e contas bancárias, para identificar qualquer movimentação irregular. Em alguns casos, pode ser necessário recorrer ao Procon ou mesmo à Justiça para contestar cobranças indevidas ou reparar danos causados pela fraude.

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