Aline Freitas: “Felicidade não é a ausência de desafios, mas a coragem de enfrentá-los”

Aline Freitas: “Felicidade não é a ausência de desafios, mas a coragem de enfrentá-los”
"A advocacia está entre as profissões com maiores índices de estresse e insatisfação"/Divulgação
Publicado em 22/11/2024 às 11:42

Luciano Teixeira – São Paulo

Aline Freitas, especialista em felicidade e bem-estar, está na linha de frente de um movimento que une ciência e práticas inovadoras para transformar vidas e organizações. Doutora em Direitos Humanos pela USP e fundadora do Instituto de Gestão da Felicidade, Aline tem se destacado por sua visão de que a felicidade é um direito humano fundamental e, ao mesmo tempo, uma ferramenta estratégica para o desenvolvimento sustentável e a produtividade.

Com uma carreira que transita entre o Direito, a Psicologia Positiva e a Sustentabilidade, ela combina teoria e prática para oferecer soluções que ajudam indivíduos e empresas a superar desafios como estresse, autocobrança e insatisfação no trabalho. Aline conecta filosofia, economia e governança para propor caminhos concretos rumo a uma vida mais digna e significativa.

Para Aline, felicidade não é a ausência de desafios, mas a capacidade de gerenciá-los com autoconhecimento e equilíbrio emocional. Em sua atuação como Chief Happiness Officer, ela implementa programas organizacionais que ajudam empresas a criar ambientes mais saudáveis e produtivos. No setor jurídico, um dos mais desafiadores em termos de bem-estar, ela é uma defensora de práticas que combinam sucesso profissional com qualidade de vida.

Na entrevista, Aline Freitas aborda questões essenciais sobre a conexão entre felicidade e o ambiente de trabalho, especialmente no setor jurídico, reconhecido por seus altos índices de estresse e insatisfação. Veja a seguir.

Luciano Teixeira: Como podemos ser felizes, mesmo amando o que fazemos, mas enfrentando desafios que nos deixam infelizes?

Quando conversamos com diversas pessoas, encontramos padrões que sustentam uma vida feliz. Saúde, qualidade de vida e relacionamentos são pilares essenciais. No trabalho, isso envolve conexões significativas. Felicidade não é só a ausência de desafios ou emoções negativas, mas como nos colocamos diante delas, cultivando serenidade, autoconhecimento e controle emocional.

Luciano Teixeira: Como surgiu a ideia de criar o Instituto de Gestão da Felicidade?

Aline Freitas: Foi um processo longo. Minha formação em Direito me levou a estudar como felicidade e bem-estar poderiam se conectar a essa área. Durante minha pesquisa, percebi que os dilemas contemporâneos exigem respostas multidisciplinares. Desenvolvi um doutorado sobre o direito à felicidade, que abriu caminho para unir ciência, direito e práticas que promovem bem-estar.

Luciano Teixeira: O mundo jurídico é conhecido por seus altos níveis de estresse. Você acredita que o ambiente do Direito contribui para a infelicidade?

Aline Freitas: Certamente. A advocacia está entre as profissões com maiores índices de estresse e insatisfação. Cuidamos muito dos interesses alheios e pouco de nós mesmos. É fundamental que profissionais do Direito aprendam a criar jornadas mais felizes, valorizando as pequenas conquistas e construindo carreiras que priorizem saúde e equilíbrio.

Luciano Teixeira: Quais são os principais desafios que tornam o advogado infeliz?

Aline Freitas: Os principais são: autocobrança excessiva, sobrecarga de trabalho e o confronto constante entre o ideal e a realidade prática do Direito. Precisamos ser realistas-otimistas, aceitando as limitações e celebrando as vitórias no tempo certo.

Luciano Teixeira: Sucesso profissional é sinônimo de felicidade?

Aline Freitas: Não necessariamente. Estudos mostram que riqueza, por exemplo, não garante felicidade. Se não investimos em experiências e relacionamentos, o sucesso pode se tornar vazio.

Luciano Teixeira: Como um advogado pode superar a infelicidade e transformar isso em todos os aspectos da vida?

Aline Freitas: O primeiro passo é trabalhar a comunicação interna: como você se conecta com seus próprios sentimentos? A auto reflexão é essencial. O segundo é investir em relacionamentos positivos, cercando-se de pessoas que nutram e apoiem essa jornada.

Luciano Teixeira: Para os advogados que se sentem presos em um ciclo de insatisfação, qual seria o primeiro passo para mudar essa realidade?

Aline Freitas: O primeiro passo é reconhecer que isso é um processo e buscar ajuda, seja através de terapia, mentoria ou até mesmo conversas com colegas de confiança. Identifique o que realmente está causando a insatisfação: é o ambiente, a carga de trabalho, ou uma desconexão com seus próprios valores? A partir daí, é possível traçar um plano para mudanças pequenas e constantes.

Luciano Teixeira: Você acredita que as empresas jurídicas estão começando a valorizar essa abordagem ou ainda há resistência?

Aline Freitas: Estamos vendo uma mudança gradual. Escritórios e organizações jurídicas que entendem a importância do bem-estar estão saindo na frente, atraindo e retendo talentos, além de oferecer serviços de maior qualidade. No entanto, ainda há resistência em algumas áreas mais tradicionais. Mas é questão de tempo; o mercado está exigindo essa transformação.

Luciano Teixeira: Existe uma relação direta entre felicidade e inovação?

Aline Freitas: Com certeza! Pessoas felizes têm mais disposição para explorar, criar e aceitar riscos. No Direito, isso significa propor soluções novas para antigos problemas, repensar processos e até mesmo inovar na forma como lidamos com os clientes e com a própria justiça. Quando você está bem consigo mesmo, sua capacidade de inovar se expande.

Luciano Teixeira: Para finalizar, qual seria sua mensagem principal para os profissionais do Direito?

Aline Freitas: Cultivem a felicidade como uma prioridade, tanto na vida pessoal quanto na carreira. Com autoconhecimento, relacionamentos saudáveis e equilíbrio emocional, é possível construir uma trajetória mais leve e significativa.

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