Da redação de LexLegal

O Burger King decidiu apimentar o mercado de fast food com uma campanha inusitada voltada exclusivamente para advogados. Entre os dias 13 e 15 de janeiro, os profissionais que apresentarem sua carteirinha da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) poderão experimentar, gratuitamente, o novo sanduíche BK Taste 1.0 no drive-thru de unidades participantes. A ação foi anunciada de forma descontraída nas redes sociais da marca, mas também levantou debates sobre concorrência, marketing provocativo e até implicações jurídicas.

O BK Taste 1.0 tem sido alvo de comparações com o McPicanha, do McDonald’s, que recentemente gerou polêmica por não conter carne de picanha em sua receita, apesar do nome. Embora o Burger King não cite diretamente o McDonald’s em sua campanha, o tom da ação e a ideia de “provar” que o sanduíche não é uma cópia deixam clara a provocação.

A iniciativa de convidar advogados para degustar o lanche gratuitamente também gera curiosidade: estaria o Burger King buscando um respaldo simbólico do público jurídico? Ou seria uma forma de antecipar críticas e evitar acusações de concorrência desleal?

Concorrência ou provocação?

O setor de fast food é conhecido pela disputa acirrada entre gigantes, e essa campanha do Burger King apenas reforça o cenário de competição. No Brasil, a legislação permite a publicidade comparativa, desde que feita de forma clara, sem denegrir o concorrente ou confundir os consumidores. Nesse caso, o tom descontraído da campanha pode ser uma tentativa de andar na linha entre a provocação e o marketing legítimo.

Apesar disso, questões legais podem surgir, especialmente se o McDonald’s interpretar a campanha como uma tentativa de se beneficiar da imagem de seus produtos. Para a legislação brasileira, receitas culinárias em si não são protegidas por direitos autorais ou propriedade industrial, mas elementos como nomes, slogans e embalagens podem ser alvo de disputas judiciais.

O vídeo promocional divulgado no Instagram oficial do Burger King apresenta um ator convidando os advogados a experimentarem o BK Taste 1.0, reforçando a necessidade de uma avaliação “neutra e qualificada”. A proposta, embora carregada de humor, toca em temas delicados: originalidade de produtos, práticas de mercado e a percepção do consumidor sobre autenticidade.

Especialistas apontam que o humor, neste caso, pode ser tanto um trunfo para engajar o público quanto um gatilho para críticas e ações legais. Enquanto isso, o McDonald’s ainda não se manifestou oficialmente, mas o histórico do setor mostra que respostas diretas – sejam publicitárias ou jurídicas – não estão fora de cogitação.

Impacto no mercado

Independentemente do resultado, a campanha do Burger King já alcançou um de seus objetivos: gerar engajamento e manter a marca em evidência. No competitivo mercado de fast food, onde a fidelidade do consumidor é disputada a cada nova promoção, ações provocativas como essa podem ser um diferencial.

Ainda que a recepção da campanha seja positiva para o público, o desdobramento jurídico e a reação do McDonald’s serão elementos importantes para acompanhar. No final das contas, é o impacto dessa estratégia no mercado que poderá determinar se o Burger King realmente marcou um gol – ou mordeu mais do que consegue mastigar.